INTRODUÇÃO
Neste momento estamos vendo diversas previsões de como será a rotina de trabalho e o novo modelo de escritório corporativo pós covid19. Desde grupos alegando o fim do escritório como é hoje, até gurus, videntes e especialistas em design de escritório pós covid do dia pra noite.
A verdade é que esta situação é nova e independente de quantos anos com reforma de escritório, podemos apenas especular como o escritório do futuro será daqui pra frente. Estamos todos partindo do mesmo ponto aprendendo juntos uma disciplina nova.
Afim de evitar desinformação e apresentar uma perspectiva futura com INTEGRIDADE, embasada em fatos, estamos disponibilizando uma série de artigos sobre a evolução e história do design de escritórios corporativos no site da INTEGRA. Desde o surgimento do primeiro escritório até os dias de hoje, para assim elaborar sobre as novas tendências arquitetônicas e tecnológicas que podem contribuir para espaços de trabalho mais saudáveis e que contribuam com as novas recomendações da OMS (Organização mundial da saúde) e OIT. (Organização Internacional do trabalho).
Parte I: O nascimento do escritório corporativo
Evidências sugerem que os primeiros escritórios se originaram na Roma antiga como espaços onde o trabalho oficial era realizado e que espaços semelhantes existiram de alguma forma ao longo da história. No entanto, não foi até o século 18 que edifícios de escritórios dedicados começaram a ser criados.
Com o Império Britânico se expandindo e se engajando em um nível crescente de comércio com outras partes do império (e do mundo), o primeiro prédio de escritórios foi construído em 1726 em Londres e ficou conhecido como The Old Admiralty Office. Serviu para lidar com as massas da papelada gerada pela Marinha Real e incluiu espaços para reuniões e a Sala do Conselho do Almirantado, que ainda é utilizada até hoje.
Logo em seguida, em 1729 a construção da East India House na Leadenhall Street, em Londres, atuou como sede da East India Trading Company e sua legião de trabalhadores. A essa altura, o advento de um espaço centralizado e concentrado para administrar quantidades cada vez maiores de papelada ganhou força, com novos escritórios surgindo por toda Londres.
De fato, o design desses 'novos' prédios comerciais mereceu uma menção em um relatório do governo do Reino Unido sobre layouts de escritórios, que dizia:
“Para o trabalho intelectual, são necessárias salas separadas para que uma pessoa que trabalha com a cabeça não seja interrompida; mas para os trabalhos mais mecânicos, trabalhar em conjunto com vários funcionários da mesma sala, sob a superintendência adequada, é o modo adequado de encontrá-lo ”
No mundo de hoje temos laptops, tablets e celulares que nos permitem trabalhar efetivamente de qualquer lugar com uma conexão Wi-Fi. No entanto os locais de trabalho mais antigos eram projetados para facilitar as filas de trabalhadores manuais e datilógrafos de colarinho branco, reunidos em um esforço para maximizar a eficiência.
O design do escritório é um processo cultural, com foco na criação de locais de trabalho centrados no indivíduo e que promovam não apenas a produtividade e a eficiência, mas também a criatividade e o bem-estar.
Taylorismo e a ascensão do escritório open office
Os primeiros escritórios modernos foram notáveis por sua abordagem científica e enfatizaram a eficiência e a adoção de um layout rígido e regulamentado, que resultou em trabalhadores sentados em filas intermináveis de mesas com gerentes localizados em escritórios circundantes, onde podiam observar.
Esses primeiros escritórios de plano aberto, cresceram em popularidade no início do século 20, seguiram os princípios do "taylorismo", uma metodologia criada pelo engenheiro mecânico Frank Taylor, que procurava maximizar a eficiência industrial. Houveram muitas críticas à abordagem de Taylor, pois ela não levou em consideração elementos humanos e sociais e se concentrou exclusivamente em garantir que os empregadores obtivessem a máxima produtividade de seus funcionários.
Ao mesmo tempo, grandes arranha-céus projetados para acomodar empresas e seus funcionários começaram a aparecer em cidades nos EUA e em algumas partes da Europa. Esse novo fenômeno arquitetônico foi possível graças à invenção da iluminação elétrica, dos sistemas de ar condicionado e também do sistema de telégrafo, o que significava que os escritórios não precisavam mais ficar situados ao lado de fábricas.
No entanto, foi o nascimento do elevador e da construção da estrutura de aço, que inaugurou uma maneira radicalmente nova de trabalhar e, consequentemente, anunciou o crescimento do design de escritórios como uma disciplina, e assim a história do design de escritórios entrou em um novo período.
Um dos primeiros arranha-céus da cidade de Nova York
A evolução do trabalho em plano aberto
À medida que os arranha-céus e outros grandes edifícios comerciais foram desenvolvidos, o local de trabalho mudou para se tornar um espaço espaçoso, onde havia uma mistura de escritórios particulares e estações de trabalho em plano aberto, com máquinas de escrever e, em alguns casos, uma cozinha ou cantina dedicada aos funcionários.
Essa evolução foi incorporada pela abertura do escritório de plano aberto da empresa The Johnson Wax, projetado por Frank Lloyd Wright em 1939. Esse escritório foi projetado principalmente para aumentar a produtividade e, como tal, colocou mais de 200 funcionários de vendas em um andar, mas também incluiu novos elementos, como luzes brilhantes, espaços aconchegantes e tetos de cortiça, que desempenharam um papel importante na absorção da acústica do escritório.
Escritório de plano aberto da Johnson Wax
Rapidamente, o design de escritório se popularizou com muitas empresas maiores que agora aspiravam escritórios que refletissem sua imagem corporativa, principalmente centrada em força e masculinidade. No entanto a Segunda Guerra Mundial impactou negativamente nesse desenvolvimento.
Após esse hiato forçado, uma nova abordagem conhecida como Burolandschaft passou a ser adotada que veremos no próximo post.
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